Você sabia que ondas de calor da menopausa podem indicar futuramente doenças cardíacas ou Alzheimer?
Estudos recentes apresentados na reunião anual da The Menopause Society, na Filadélfia, nos EUA, descobriram que ondas de calor intensas estão associadas a um aumento na proteína C-reativa, que é um marcador de doença cardíaca futura, e a um biomarcador sanguíneo que pode prever um diagnóstico posterior da doença de Alzheimer.
“Esta é a primeira vez que a ciência mostra que as ondas de calor estão ligadas a biomarcadores sanguíneos da doença de Alzheimer”, disse a Dra. Stephanie Faubion, diretora da Clínica Especializada em Saúde da Mulher da Clínica Mayo em Jacksonville, Flórida, e diretora médica da The Menopause Society.
Ela complementa: “Esta é mais uma evidência que nos diz que as ondas de calor e os suores noturnos podem não ser tão benignos como pensávamos que fossem no passado”, destacou Faubion, que não esteve envolvida nos estudos.
Cerca de 250 mulheres com idades entre 45 e 67 anos com sintomas da menopausa participaram do estudo utilizando um dispositivo para medir objetivamente a qualidade do sono durante três noites. Elas também foram equipadas com monitores de suor para registrar as ondas de calor em uma dessas noites.
Os pesquisadores então coletaram amostras de sangue das participantes do estudo e as examinaram em busca de um biomarcador proteico específico da doença de Alzheimer, chamado beta-amilóide 42/40.
“O beta-amilóide 42/40 é considerado um marcador de placas amilóides no cérebro, que é um dos componentes da fisiopatologia da demência da doença de Alzheimer”, ressaltou Dra. Rebecca Thurston, principal autora do estudo, professora de psiquiatria, epidemiologia e psicologia que dirige o Laboratório de Saúde Biocomportamental da Mulher da Pitt Public Health, na Universidade de Pittsburgh.
“Descobrimos que suores noturnos estavam associados a perfis adversos de beta-amilóide 42/40, indicando que ondas de calor experimentadas durante o sono podem ser um marcador de mulheres em risco da demência de Alzheimer”, afirmou Thurston.
A especialista esclarece ainda que o biomarcador não identifica se uma pessoa tem doença de Alzheimer, apenas aponta a possibilidade de desenvolvê-la no futuro: “Em outras palavras, as ondas de calor noturnas não causam esse risco. Eles são apenas um marcador de pessoas que correm maior risco. Da mesma forma, não sabemos se o tratamento do suor noturno diminuiria o risco. Não sabemos disso”, salienta a médica.
Pesquisas anteriores que também controlavam o sono descobriram que ondas de calor e suores noturnos estavam ligados ao fraco desempenho da memória e a alterações na estrutura, função e conectividade do cérebro. “Todas as descobertas convergem para sublinhar que há algo nestes sintomas vasomotores noturnos, além do próprio sono, que está afetando o cérebro”, disse ela.
Outro estudo apresentado na conferência pela equipe de Thurston analisou marcadores inflamatórios para doenças cardíacas. Uma pesquisa anterior conduzida pela médica descobriu que mulheres que disseram ter ondas de calor frequentes ou persistentes durante a menopausa precoce tinham um risco aumentado de 50% a 80% de eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos, derrame e insuficiência cardíaca.
As ondas de calor moderadas a graves frequentes podem durar de sete a 10 anos, em média, e as ondas de calor menos frequentes ou menos graves podem durar ainda mais, de acordo com especialistas.
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