Crescem os níveis de ansiedade entre idosos na pandemia
O início da vacinação dos idosos contra a Covid-19 chega como uma esperança, mas, ainda assim, como as medidas de segurança e o isolamento social ainda estão sendo mantidos, é preciso atenção à saúde emocional dos maduros.
Segundo um levantamento feito pelo Hospital do Servidor Público Estadual, houve um aumento de 15,38% nos níveis de ansiedade, sendo relatados os sintomas mais comuns entre os idosos a insônia, o medo, a tensão e a preocupação. O estudo foi feito com 180 idosos, que foram monitorados de maio a outubro por telefone por profissionais do PAI (Programa de Atenção aos Idosos).
Outro dado da pesquisa que acendeu um sinal de alerta foi o aumento de 7,14% em relação a um humor deprimido, tristeza ou falta de interesse por atividades. Já a insônia intermediária (acordar no meio da noite) aumentou 4,95%.
De abril a dezembro do ano passado, o Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) no Hospital das Clínicas (HC) atendeu 160 pessoas on-line a partir de 50 anos com sintomas de ansiedade e depressão por conta da pandemia por coronavírus. As principais queixas, segundo a psicóloga coordenadora Dorli Kamkhagi, do laboratório de neurociência do Instituto, foram angústia, ansiedade, depressão, desesperança, medo e raiva. Os atendimentos foram feitos por um grupo de psicólogos via WhatsApp e a ideia é abrir uma nova turma para este ano, mas ainda não há data prevista.
Vale lembrar que, como todo atendimento do HC, o instituto só atende pacientes de alta complexidade encaminhados pelas redes públicas estadual e municipal de Saúde.
Depressão
Em 2018, um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicava que o Brasil é o segundo país mais depressivo do mundo, com 9,3% de pessoas com depressão. Segundo dados de 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) as mulheres são as mais afetadas, 14,7% contra 5,1% dos homens e na faixa etária de 60 a 64 anos (13,2%).
Muitas vezes, as pessoas da terceira idade não entendem a importância de um acompanhamento psicológico, seja por falta de conhecimento dos seus benefícios ou como é o processo, mas é preciso ficar sempre atento aos sinais da depressão, que são, principalmente: falta de apetite, desinteresse pelas atividades diárias, vontade de dormir mais do que o normal (por isso, o idoso passa mais tempo dormindo do que acordado), falta de vontade de tomar banho, medo excessivo do futuro, olhar a vida com tristeza e falta de cor, além de outros aspectos, como emagrecer e apatia.
E não ache que depressão é frescura, como muitas pessoas – por falta de conhecimento sobre a doença e suas causas – ainda têm essa visão deturpada do problema, pois o assunto é realmente sério e faz parte da saúde, sendo uma das mais importantes, a mental! Nos idosos, a depressão age de forma silenciosa, camuflada sob a solidão e sob o peso que é como os idosos, muitas vezes, se sentem dentro das próprias famílias.
Muitos outros, por conta da pandemia, isolados e morando sozinhos, passaram a sentir ainda mais a solidão e, assim, a depressão pode encontrar um lugar fértil para ser instalada sem que familiares, mesmo próximos, ou amigos, possam perceber.
Por isso, é preciso que a própria pessoa busque teleatendimento e reconheça que precisa de atendimento de um psicólogo, caso perceba que alguns desses sintomas estão começando a aflorar.
Fontes:
https://agora.folha.uol.com.br/sao-paulo/2021/02/cresce-ansiedade-entre-os-idosos-na-pandemia.shtml