Quais são seus planos para 2023?

Muitas pessoas, quando passam dos 60, acabam deixando de fazer planos para alcançar novos sonhos ou aqueles ainda não realizados por verem a terceira idade como algo negativo. Em 2021, o sociólogo francês Edgar Morin completou 101 anos, festejando a sua própria vida e, sempre quando perguntado sobre o assunto, falava sobre seus planos para o futuro. Sim, todos nós deveríamos querer chegar aos, pelo menos, 100 anos, tendo nos planejado para isso, buscando envelhecer com saúde. 

Vale lembrar que ter um objetivo de vida nos motiva e nos mantém vivos, afastando o medo que muitas pessoas têm de envelhecer. Medo esse bastante intrínseco à forma como nossa sociedade enxerga os idosos, ainda muito associados a um imaginário de perdas de capacidade física, cognitiva e, consequentemente, da autonomia. Porém, para Viviane da Silva Jardim, professora do curso de enfermagem da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e responsável pela coordenação de grupos de arteterapia para idosos na universidade, “envelhecer ainda é um privilégio”. Segundo ela, que trabalha com o tema desde o mestrado, em que estudou a representação social da velhice – que, em geral, é negativa -, boa  parte dos entrevistados vê a velhice como uma fase de oportunidades para fazer aquilo que antes não tinha tempo. 

Por isso, é cada vez mais comum hoje os longevos passarem a encontrar novos hobbies, manter uma vida social ativa, ainda que precisem lidar com as limitações físicas impostas pela idade. De acordo com a psicóloga Márcia Pin Fancelli, especialista em idosos do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo): “A aposentadoria, muito temida por alguns, é algo positivo. É um momento em que a pessoa vai poder descobrir hobbies, estudar coisas diferentes, usar esse tempo que antes era destinado ao trabalho para ser ativo no sentido pessoal. Você não precisa ser ativo no mercado, pode ser ativo só para si mesmo”. E segundo a psicóloga, por outro lado, há idosos que, muitas vezes, têm preconceito consigo mesmo, seja não aceitando suas limitações ou se restringindo demais, o que é prejudicial ao idoso.

Facinelli ressalta ainda que, por sua experiência clínica, o que ela vê é que, quanto mais uma pessoa se lamenta por sua idade, se restringe de fazer algo que gostaria pensando que ‘já é muito velha para isso’, mais paralisada e prejudicada ela fica, podendo ter perdas cognitivas e físicas. De acordo com a médica, planejamento é caminho para não temer envelhecer.

E, para ter uma longevidade com qualidade, alguns fatores merecem atenção, como alimentação correta; atividade física regular; práticas de lazer; além de atividades que ajudem na saúde mental e na manutenção de relações afetivas saudáveis. 

A psicóloga ressalta que, muitas vezes, os idosos são acometidos pelo negativismo quanto ao futuro. “Às vezes atendo pessoas que acham que já estão velhas pra qualquer coisa, até mudar os móveis da casa de lugar, por exemplo. Isso revela um quadro patológico, de muita ansiedade, nessa forma de encarar a velhice”, explica Fancelli.

Então, que tal começar 2023, encarando o envelhecimento da melhor forma, com positivismo, e fazendo planos para conseguir realizar tudo o que almeja? Que tal colocar como meta alcançar a idade de 100 anos com longevidade?