Maria Eliza Zuccon, 78 anos, Química, fundadora da Meta Real
Eu sempre fui uma criança magra, mas, naquela época e sendo de família italiana, a magreza era vista com maus olhos e era comum meu pai olhar as fotos da nossa família e falar coisas do tipo pra mim: “como pode magra desse jeito? parece que não tem pai!” e as rasgava. Ouvi também inúmeras vezes minha mãe falar “essa minha filha dá um trabalho para comer! Mas em compensação, meu filho é uma maravilha, boca aberta, come de tudo!”. Então, naquela época, ser gorda era sinônimo de ser saudável e, claro, ser aceita.
Pra piorar, aos 13 anos, contra a minha vontade, tive que ir para um colégio interno. Com medo, insegurança, sentimento de rejeição e solidão, comecei a engordar, mas ao mesmo tempo, emagrecia também, porque eu ainda mantinha o hábito antigo de comer só o suficiente. Então comecei a oscilar no peso, sempre controlando para não extrapolar tanto.
Aos 16 anos, comecei a namorar e uma frase que meu namorado na época me falou e me marcou até hoje foi: “tem duas coisas que podem nos separar: você usar dentadura e engordar”. Casamos, mas depois que tivemos três filhos, começamos ambos a ganhar peso. Eu cuidava muito dos meus dentes, por medo da dentadura que ele havia comentado lá atrás, mas, quanto aos quilinhos a mais, como ele também estava engordando, não liguei tanto. O tempo foi passando, até que ele teve problemas de saúde e o médico restringiu sua alimentação e eu, na faixa dos 40 anos e obesa, aproveitei o momento para também emagrecer.
Entrei então no mundo das dietas doidas e a vivenciar aquele efeito sanfona que todo mundo conhece, até que parei para pensar e me veio a seguinte reflexão: “eu não sou apenas uma aparelho gastro intestinal digestivo. Por que esse vai e vem de engorda-emagrece, emagrece-engorda?” E como Química que sou, comecei a estudar a química dos alimentos, o que combina com o que e os efeitos em nosso organismo.
Tais estudos me levaram a desenvolver um programa específico, que passei a testar em casa e começou a funcionar. Animada, passei a testar em outras pessoas e em familiares, até mesmo ‘emagreci’ uma prima apenas orientando-a pelo telefone. E então, depois de várias comprovações, surgiu o Método Tático de Reabilitação Alimentar (Meta Real), que tem como princípio respeitar, acima de tudo, os sinais físicos do corpo, como fome-física, sinais da saciedade, sede e alimentá-lo com alimentação saudável, aquela que encontramos na feira. Ou seja: nada de dietas, shakes ou dietas restritivas.
Além disso, fui entender as emoções e me tornei terapeuta holística, conhecimento que incorporei ao método, pois, a questão do emagrecimento, como vocês viram na minha história, é muito mais da mente do que do organismo. É por isso que um dos diferenciais do método que criei é o apoio emocional, que trabalhamos fortemente por ser essencial para conseguirmos alimentar a alma com o que é da alma e o corpo com o que é do corpo, como sempre digo. Afinal, quem nunca alimentou uma ansiedade ou tristeza com chocolate?
Então, receber pela quinta vez, ao longo desses 33 anos no mercado, o título de Comendadora pelo Prêmio Excelência e Qualidade Brasil 2019, da Associação Brasileira de Liderança, que tem a finalidade de reconhecer os líderes que se destacam na sociedade de alguma forma, representa muito para mim. E vai muito além do reconhecimento desse método tão eficaz que criei de emagrecimento com saúde. Significa uma satisfação pessoal imensurável, porque me faz viajar no tempo e me dar conta de que, a partir das minhas angústias, que tiveram origem na minha infância por conta da minha magreza, eu pude desenvolver algo que vem ajudando e transformando a vida de milhares de pessoas que sofrem com a obesidade. E tem coisa melhor do que ser uma contribuição, ajudando-as a eliminar peso, resgatar sua autoestima, qualidade de vida, poder pessoal, melhorar a saúde, com leveza, alegria e podendo comer de tudo? E o melhor: mesmo na terceira idade?