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A pandemia pela ótica da espiritualidade

Por Henrique Julio Schiftan*

A situação da pandemia que já vem durando tantos meses, mudou, de fato, as nossas vidas. Quem diria que um vírus, invisível aos nossos olhos, nos colocaria enclausurados e inseguros, isolados em nossas casas como a única medida de segurança à nossa saúde?

Mas, por outro lado, se olharmos pela visão da espiritualidade, toda essa situação nos traz ensinamentos que devemos observar com o coração aberto e autorreflexão.

Autorreflexão porque, normalmente, durante a correria diária não costumamos refletir sobre as nossas atitudes e, mais raramente ainda, direcionamos o olhar ao “outro”.

E não é verdade? Apenas olhamos para a nossa vida, para as nossas expectativas, desejos, para as nossas coisas, para nós, para o EU.
Reflitemos: “ A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas”.

Segundo o espiritismo kardecista, as premissas básicas da vida são o respeito, o espírito de justiça e o amor ao próximo. Durante o isolamento, passamos a conviver praticamente 24 horas com as pessoas dos nossos lares. E como está sendo essa convivência? Praticamos esses ensinamentos básicos ou agimos de maneira contrária ao que nos foi ensinado para sermos pessoas melhores, exercendo a impaciência, a raiva e deixando as brigas e discussões acontecerem? Será que estamos agindo contra os ensinamentos da espiritualidade e involuindo nesse sentido?

Lembrando que o respeito ao próximo é principalmente refletido em nossa disposição e capacidade de ouvi-lo e não apenas escutá-lo. Afinal, o que fazemos hoje é a escuta sem a devida atenção, quando apenas damos aquele bom dia por educação, de forma automática, sem prestarmos atenção no outro, isto é, sem o genuíno interesse no ser humano que está diante de nós.

E, quando utilizamos o respeito e o amor ao próximo como princípio de tudo, as crenças pessoais não entram em choque, porque ninguém tentará convencer o outro de quem está certo … você está de acordo? Afinal, respeitar o outro como ele é está acima das nossas diferenças. Então, diante desse princípio, por que não o estendemos para o nosso dia a dia, e passamos a viver com mais leveza os nossos dias de quarentena, ao invés de tornar a convivência com os nossos próximos mais difícil?

E, quando falamos em próximos, aqueles que voltaram ao trabalho, que tal olhar as pessoas ao redor e irmos na direção de um colega, por exemplo, observá-lo e, com respeito e de modo cuidadoso, perguntar se está tudo bem? Por que não aproveitarmos a experiência do isolamento para aprendermos a ser pessoas melhores, o que talvez seja um dos grandes aprendizados que a quarentena nos trouxe, ao invés de olharmos apenas os pontos negativos do isolamento?

Aprendemos que para a espiritualidade NADA acontece por acaso. Tudo vem – mesmo as coisas ruins – para aprendermos. Talvez o nosso maior aprendizado com a pandemia, como humanidade, seja o respeito à natureza e ao próximo. E sabemos que será algo que não aprenderemos em um curto período de tempo.

Pode levar um ano, dois, décadas e até gerações. Vai depender de nós, o quanto estamos dispostos a absorver o aprendizado e evoluirmos como pessoas. E você, o quanto está disposto a mudar de verdade e tornar-se um ser humano melhor?

*Henrique Julio Schiftan é tio-avô que trabalhou até aqui por cerca de 67 anos, aprendiz existencial que teve múltiplas oportunidades para aprender e reaprender em cinco diferentes áreas profissionais. Externa sua gratidão à Divina Providência!

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