Você tem se planejado para o envelhecimento?
Com o aumento da expectativa de vida, é cada vez mais comum observarmos as pessoas atingindo – e até ultrapassando – os 100 anos de idade. Dessa forma, tornou-se ainda mais necessário o planejamento para o futuro e, assim, garantir um envelhecimento com longevidade.
Uma pesquisa feita pela Neura, curadoria de estudos comportamentais, revela que 80% da população acredita que é possível se preparar melhor para este momento. No entanto, apenas 4% dos entrevistados dizem que sempre se planejaram para isso, e 9% disseram que já mudaram hábitos recentemente pensando nesse assunto, totalizando uma fatia de 13% que se planejam de alguma forma para a velhice.
Intitulado “A Permanência da Impermanência”, o estudo apontou ainda outro comportamento observado pelos pesquisadores: algumas mudanças de rotinas acontecem com o aumento da idade. A maioria dos participantes (71%) entende alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e os cuidados com a saúde mental como os principais pontos para a melhora na qualidade de vida.
Segundo a pesquisa, falar sobre envelhecimento não é considerado incômodo para a maioria dos entrevistados, mas, entre as faixas etárias, os jovens são os que mais possuem tabus sobre o assunto. Em geral, também não há grande ressalva em falar sobre idade (74,5% das pessoas não ligam), no entanto, as classes sociais mais altas se incomodam mais em falar sobre a idade e, além disso, mulheres (17%) se preocupam duas vezes mais com termos como ‘idosa’, ‘senhora’ e ‘velhice’ do que os homens.
Planejamento para o futuro
No levantamento, foi constatado que o planejamento para o futuro tem mais relação com três fatores principais: classe social; se as pessoas se consideram mais ou menos tradicionais; e a possibilidade delas acharem que o melhor da vida está no passado ou no futuro. Na classe A, apenas 7,9% não se prepara para o futuro, enquanto na DE, o número sobe para 32,3%.
“Nós não temos todos as mesmas 24 horas por dia. As mulheres sofrem mais com a passagem do tempo, por exemplo, e já as pessoas pretas vivem menos. Também analisamos que as minorias sobrevivem por além desta passagem. Por isso, entendemos que nós não temos todos a mesma existência e muito menos a mesma concepção de tempo e espaço”, diz Zed, coordenador de conceito criativo do estudo e pesquisador da Neura.
Conceito de impermanência – De acordo com a análise, a impermanência é uma interação com o tempo e o reconhecimento de que mudanças são necessárias para o crescimento. Essa ideia se reflete em várias esferas da vida, incluindo sociedade e cultura, onde tendências surgem e desaparecem rapidamente, mas sempre trazem novas formas de continuidade.
“Enquanto o envelhecimento é uma visão linear e fatalista, a impermanência oferece uma perspectiva mais flexível e adaptativa à vida. É preciso levar em conta as vivências pessoais, histórico sociocultural e a jornada de cada um para tangibilizar as verdadeiras necessidades e anseios”, diz Andre Cruz, expert em neurociência e comportamento e fundador da Neura.
Para lidar com os desafios que as vidas longas podem trazer, o estudo reforça a importância de garantir um envelhecimento saudável, com maior independência pessoal, resiliência e planejamento financeiro, além de aumentar a representatividade e diversidade na sociedade.