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foto em close de um idoso mexendo no celular

Reflexões de final de ano

Muitas pessoas ficam reflexivas com a chegada do fim do ano e nós, da terceira idade, mais ainda: parece que sentimos o passar do tempo de forma diferente dos mais jovens, como se, num piscar de olhos, os dias passassem como aquelas imagens aceleradas de nuvens, como acontece nos filmes.

Talvez você, assim como eu, também se pergunte ‘por que estamos com essa percepção de que as 24 horas do dia estão durando cada vez menos, do que antigamente?’. Para mim, o que acontece é que estamos vivendo em uma era em que tudo está convergindo para uma coisa: a tecnologia. Sim, o uso massivo do celular, por conta das redes sociais, tem nos abduzido de tal forma que nem percebemos o passar das horas. É como se a ginástica diária, ao invés de ser caminhadas ao ar livre ou até mesmo no clube ou na academia, sentindo o pulsar da vida, fosse apenas entre nossos dedos – que freneticamente passam telas e telas. Claro que nosso ritmo é um pouco mais lento do que o dos jovens, mas, sim, também estamos cada vez mais seduzidos pelos dispositivos conectados à internet, isso é fato.

E daí começam as tão perigosas armadilhas do virtual, que nos fazem acreditar, cada vez mais, que a grama do vizinho é mais verde do que a nossa. Vidas perfeitas, diversão diária em viagens, restaurantes belíssimos que são desfrutados por meio das fotos dos pratos,  dignas de obras de arte, mostrando um cardápio que nem imaginamos se um dia poderemos experimentar. Sem falar nos inúmeros procedimentos estéticos, que até deixam pessoas irreconhecíveis de suas belezas naturais; bem como os dentes cada vez mais brancos, tão artificiais quanto um ‘liquid paper’ em cima de uma escrita errada – sinais de uma sociedade que está ficando cada vez mais obcecada pela vida perfeita – que, sabemos, não existe na realidade, mas tem ganhado força no virtual. E, para piorar ainda mais tudo isso: não sabemos mais diferenciar o que foi feito pelo homem ou pela IA (Inteligência Artificial).

Sim, meus caros, a realidade tem me deixado reflexivo, pois, com tudo isso, sabemos também que estamos na era das doenças emocionais: cada vez mais, pessoas ‘com as vidas perfeitas estampadas nas redes sociais’ vivem uma depressão caladas, sentindo vazios inexplicáveis, descontados em um consumismo exacerbado.

E, quantos de nós, nesse caos, temos também a sensação de ‘estarmos’ sendo deixados para trás? Quando aprendemos algo novo, como uma nova tecnologia que está sendo usada, alguma outra novidade tira a nossa paz e lá vamos nós de novo atrás do que julgamos ser ‘prejuízo’ por vermos os jovens já dominando com maestria o que está ‘na moda’.

Se você, assim como eu, tem se sentido angustiado com toda essa aceleração do tempo e da vida, fique tranquilo: você não está sozinho! Acredito que a grande maioria de nós (60+) está sentindo o mudar dos tempos com um peso além do considerado normal. Por isso, que, neste período de fim de ano, possamos refletir sobre o que realmente é importante: lembre-se das coisas genuínas que te fizeram muito feliz, como aquele domingo em família, em que esbanjar era menos importante do que desfrutar os momentos de alegria – aqueles em que nem lembrávamos da existência de celulares, porque a prioridade era aproveitar a presença de todos e as fotos eram feitas apenas para registrar o encontro para quando as nossas memórias começassem a falhar e não para serem publicadas na internet.

Lembre-se que as redes sociais, muitas vezes, mostram vidas que só existem atrás de um filtro ou de fotos perfeitas (quase sempre editadas com o programas de design que tiram a realidade do clique). E, se você estiver se sentindo triste por não poder esbanjar a vida que gostaria, como a pessoa que segue, por exemplo, no Instagram, não se sinta inferior: observe ao seu redor e verá que, talvez, a sua riqueza seja maior do que a que está observando no virtual: poder desfrutar com sua família de um cafezinho para começar o dia, juntamente com um pão quentinho que acabou de sair do forno, pode ser algo simples, mas muito valioso: você é quem confere o ‘peso’ da importância às coisas. O momento de iniciar o seu dia, assim como os demais, pode ser algo maravilhoso se você começar a perceber a abundância de coisas boas que tem diariamente em sua vida.

E, não se importe com a grama do vizinho, mostrada nas redes sociais: ela pode ter a cor mais verde de todas as gramas, mas é capaz que os passarinhos prefiram pousar nos seus singelos vasinhos por sentirem uma vida pulsando de verdade em seu lar.

Por isso, que em 2025 possamos viver em nosso ritmo, respeitando o nosso tempo, sem entrarmos na onda acelerada da tecnologia que vem afogando as pessoas. Que sejam usados menos filtros e muitas rugas apareçam em nossas faces – sinais de muitas risadas e momentos felizes. Por isso, convido todos vocês a, no ano que vem, se desafiarem a diminuírem o uso do celular, tablet ou computador – pois é no offline que a vida realmente acontece!

A todos, meus sinceros votos de boas festas e um Feliz Ano Novo!

Um abraço fraterno,

Vovô Miguel

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