Tontura e vertigem na terceira idade: mais comum do que você imagina!
Após os 40 anos, o ouvido interno passa a sofrer com o envelhecimento, bem como o labirinto que também vai sofrendo alterações como a perda de funcionamento com o passar dos anos. Por isso, é comum as pessoas da terceira idade sentirem às vezes tontura ou vertigem, sendo estes os sintomas de uma das labirintopatias mais frequentes nessa idade, denominada vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), que ocorre quando fragmentos de otólitos, que são cristais responsáveis pelo equilíbrio que ficam dentro da orelha interna se deslocam, quando alguns movimentos da cabeça são realizados, tais como ao deitar ou ao levantar da cama, trocar de posição quando deitado e estender o pescoço para olhar para o alto. Além da tontura e vertigem, o deslocamento desses cristais pode causar em algumas pessoas náuseas e vômitos, visão borrada, sudorese, sensação de pressão baixa, entre outros sintomas.
De acordo com Lílian Saldanha Paiva, fisioterapeuta especializada em Reabilitação Vestibular, além da VPPB podem haver outras patologias associadas ao envelhecimento e a comorbidades, tais como distúrbios do metabolismo, da circulação sanguínea e hormonais, além de estresse, ansiedade, problemas visuais, cardíacos e o próprio envelhecimento do labirinto que, com o tempo, pode se apresentar com deficiência em sua função. “Existem várias patologias centrais ou periféricas que podem se manifestar com tontura ou vertigem, tais como a Neurite Vestibular, Síndrome de Meniére, Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, vertigem pós Covid-19, tumores, labirintite, entre outras. Ou seja, a VPPB é apenas uma delas, porém, a mais frequente”, diz a especialista.
Mas, o que muitas pessoas não sabem é que o tratamento principal da VPPB consiste em manobras realizadas com a cabeça do paciente, conduzidas por um fisioterapeuta ou médico, para a reposição dos cristais. “Já para outras patologias do labirinto, o mais indicado são sessões de reabilitação vestibular, um tipo específico de fisioterapia para o labirinto e para a melhora do equilíbrio. Em alguns casos, quando há outras questões interferindo no labirinto do paciente, tais como problemas circulatórios ou metabólicos, alguns vasodilatadores ou diuréticos podem ser associados à fisioterapia, conforme a prescrição médica”, explica Lílian. Há também alguns casos que são primariamente cirúrgicos.
Ela alerta ainda para a automedicação, que comumente acontece em casos de tonturas e vertigens, principalmente entre as pessoas da terceira idade: “Ninguém deve se automedicar para tontura sem saber de fato o que está ocorrendo com o seu organismo. Há inúmeras causas de tontura e vertigem, portanto, é preciso ter um bom diagnóstico definido primeiro, para somente então fazer uso de medicação e somente se for por indicação médica. Vale lembrar que alguns medicamentos são sedativos do ouvido interno, aliviam os sintomas, mas não solucionam a causa do problema. Em outras situações, a pessoa se medica pensando em “labirintite” lato sensu e pode estar diante de outra patologia mais grave, como um tumor, por exemplo, que demanda outro tipo de atenção. Por isso, é imprescindível uma investigação médica e uso de medicações somente se prescritos”, orienta.
Avaliação e tratamento
Na primeira sessão, de acordo com a fisioterapeuta, é feita uma avaliação oculomotora onde, por meio de determinados testes, são observados os movimentos dos olhos do paciente, que indicarão se há sinais centrais ou periféricos, conforme a direção, tempo de latência e de duração do nistagmo (movimento involuntário dos olhos). “Se houver sinais periféricos, as manobras de reposição estarão indicadas, salientando que há um tipo específico de manobra para cada canal semicircular envolvido (estruturas internas do labirinto). A quantidade de manobras varia conforme o caso, mas, em média, uma a duas manobras são suficientes para acabar com a vertigem. Caso perdure alguma sensação de instabilidade, são marcadas mais sessões e são feitos exercícios de reabilitação vestibular para recalibrar o labirinto”, explica a especialista.
Segundo Lílian, a VPPB pode voltar a acontecer e é exatamente por isso que, para que se sinta mais seguro, o idoso deve ter um médico e um fisioterapeuta de confiança, a quem ele possa recorrer sempre que necessário. “Para o momento da crise, a dica é procurar ficar parado em local seguro, de preferência sentado ou deitado, conforme a tolerância de cada um, olhando um ponto fixo, ou seja, não fechar os olhos. Outra dica é se o paciente for sair para consulta, que vá preferencialmente acompanhado de alguém. Seja em casa ou na rua, o principal cuidado durante a crise é evitar as quedas, que podem trazer consequências drásticas para o paciente”, orienta a fisioterapeuta.
Ela diz ainda que para evitar ter crises de tontura e manter a saúde dos labirintos sempre em dia, o ideal é ter um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, evitando os excessos de álcool, cafeína, alimentos gordurosos e fazer regularmente um check up da saúde. “As comorbidades podem estar associadas a tonturas e é ideal saber identificar uma crise e procurar o correto diagnóstico. E, o principal: saber que existe tratamento, seja medicamentoso e/ou fisioterapêutico, para os problemas de labirinto e, por fim, o mais importante: não se acostumar a viver com tontura, entendendo-a como um sinal de que algo está errado e deve ser investigado e tratado”, orienta.
*Dra. Lílian Saldanha Paiva graduou-se como Fisioterapeuta pelo Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista – IPA. No início de sua carreira atuou na área de Fisioterapia Neurofuncional em consultório privado e no Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre. No entanto, em 2003, começou a se interessar pela Otoneurologia, mais especificamente em relação à Reabilitação Vestibular (que é a reabilitação para as pessoas que sofrem de problemas do labirinto, conhecidos como “labirintites”, embora esse não seja o nome correto para descrever todas as desordens labirínticas).
É Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, com a dissertação ” AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON POR MEIO DE EXAME DE POSTUROGRAFIA EM UNIDADE VIRTUAL”. Tem formação na área de Reabilitação Vestibular pela Emory University School of Medicine, em Atlanta-USA. É Membro da Vestibular Disorders Association.
Professora convidada da Pós-graduação em Reabilitação Vestibular da Faculdade Inspirar e Professora convidada da Pós-graduação em Fisioterapia Neurofuncional do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre.
Já foi co-orientadora e banca de vários trabalhos de conclusão de curso da Faculdade de Fisioterapia do IPA na área de Reabilitação Vestibular. É palestrante e referência em Porto Alegre-RS na área de Fisioterapia Vestibular. Desde que começou a atuar na área de reabilitação labiríntica, realizou vários cursos nacionais e internacionais além dos citados anteriormente.
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