Doenças oculares podem ser silenciosas
Fazer um check-up anual para averiguar se está tudo bem com a saúde é uma prática que deve ser realizada em todas as idades e em todas as áreas médicas. “Na terceira idade, em que há um processo natural de envelhecimento das células, os cuidados com os exames de rotina devem ser ainda mais redobrados, principalmente em relação à saúde ocular, uma vez que as estruturas oculares também sofrem algumas alterações importantes que levam muitos idosos a perderem a visão, alterações estas que podem ser prevenidas”, explica a oftalmologista Dra. Vanessa Yumi Sugahara Harada, especialista em catarata pela FMUSP e em córnea e cirurgia refrativa pela FMABC.
“A grande preocupação é que algumas doenças oftalmológicas são silenciosas, como é o glaucoma, por exemplo, uma doença degenerativa do nervo óptico que atinge a visão periférica inicialmente de forma lenta e gradual até atingir a visão central, em sua forma mais grave, e levando à cegueira irreversível se não tratada. Logo, se não houver acompanhamento oftalmológico, o paciente vai perdendo essa visão sem perceber e só vai se dar conta quando o glaucoma já está avançado, fazendo-o enxergar a visão que chamamos de tubular, quando a pessoa enxerga apenas as coisas que estão à sua frente, praticamente. E, nesse estágio, quando o paciente chega em consultório para buscar ajuda médica é porque está se queixando de tropeçar constantemente nos objetos por não enxergá-los. Ou seja, o glaucoma já afetou toda a visão do campo periférico e, quando chega neste nível, o quadro pode ser de difícil controle, tendo prognóstico visual reservado. Mas, se o paciente fizer um acompanhamento de rotina com frequência, é possível, por meio do exame de fundo de olho, mapear o nervo óptico, onde é visto o início do glaucoma e, com colírios específicos e, por vezes cirurgias, retardar o seu avanço”, explica a oftalmologista.
Ela complementa: “Afecções corneanas, como distrofia de Fuchs, apesar de mais rara, também são silenciosas. Um dos sinais de que a doença está ativa é o embaçamento visual ao acordar, que vai melhorando com o decorrer do dia. Porém, a grande maioria das pessoas não percebe ser um sintoma da distrofia e deixa de procurar o oftalmologista logo no início da afecção”, relata a especialista.
Dra. Vanessa diz ainda que os familiares devem observar também sinais que podem indicar uma visão prejudicada quando a própria pessoa não tem a percepção, como, além dos tropeços com maior frequência, se estiver esbarrando com as mãos em objetos nas mesas, deixando de desviar de móveis, entre outros.
“Doenças como catarata acarretam baixa de visão e, em sua fase inicial, por vezes, pode alterar a sensibilidade ao contraste e também ocasionar a alteração na percepção de cores e suas nuances. Pintores famosos como Monet tiveram catarata e, por isso, tinham dificuldade para escolher as cores. Mulheres vaidosas mudam o tom da maquiagem usando cores mais fortes, pois não enxergam os tons mais claros”, observa a médica oftalmologista.
Outra dica que a especialista orienta para a família observar é na hora das atividades de vida diária, como lavar a louça. “Sem os próprios idosos notarem, a louça pode permanecer suja porque eles não enxergam pequenos detalhes. Por isso, é importante os familiares ficarem atentos a qualquer sinal que demonstre que algo está fora do normal com a visão”, explica.
A médica oftalmologista ressalta ainda que não é apenas a saúde ocular que precisa ser verificada. “Vale lembrar que, ao notar alteração visual em idosos, é importante saber se há alguma questão neurológica associada, como demência, Alzheimer, entre outros”.
Quanto à dúvida bastante frequente em relação aos idosos continuarem dirigindo, a oftalmologista destaca ainda que uma visão ótima não indica que o paciente está apto a dirigir, por exemplo. “Alguns idosos, mesmo que enxergando bem, principalmente após cirurgia de catarata, não poderiam ter sua habilitação renovada, já que os reflexos diminuem consideravelmente com a terceira idade. Percebe-se então que os check-ups são essenciais após os 60 anos, principalmente nos casos de comorbidades existentes, como hipertensão e diabetes. Na existência de qualquer uma dessas condições, os exames oftalmológicos de rotina devem ser mais frequentes, com intervalos de seis em seis meses ou até mais”, orienta a especialista.
Dra. Vanessa Yumi faz ainda o alerta: “Não esperem ir ao oftalmologista apenas quando a visão estiver ruim! Façam a prevenção!”.
A médica oftalmologista atende no Grupo Hosp (Hospital de Olhos de São Paulo), nas unidades São Bernardo do Campo e Santo André. Telefone: (11) 3787-1960/ (11) 97787-0050 (WhatsApp).