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A música como prevenção às doenças mentais

Se você não tem o costume de colocar uma música para tocar aí na sua casa, que tal adotar essa prática? Apesar de muitas pessoas utilizarem a música apenas em momentos de confraternização com amigos e familiares, você sabia que ouvir música ajuda a estimular diversas partes do cérebro ao mesmo tempo, prevenindo o surgimento do Alzheimer, demência neurodegenerativa que destrói as memórias e outras funções mentais importantes? 

Cientistas do Instituto Max Planck de Neurociência e da Cognição Humana, em Leipzig, na Alemanha, descobriram que a música fica armazenada em uma parte diferente do cérebro da que guarda a maior parte das nossas memórias. É por isso que, cada vez mais, estudos mostram que, por meio da música, pacientes com Alzheimer conseguem se lembrar de melodias ou apresentar emoções ao ouvir canções que marcaram suas vidas.

É o que mostra, na prática, o documentário “Alive Inside”, do diretor Michael Rossato-Bennett, que traz a história de Dan Cohen e sua jornada ao criar a ONG Music & Memory. No site da instituição, a mensagem: “Music & Memory começou com o entendimento de que a música está profundamente enraizada em nossos cérebros conscientes e inconscientes. Por mais poderosa que seja essa ideia, ela se torna ainda mais importante se o funcionamento do cérebro estiver se deteriorando, como ocorre na demência, Alzheimer e outros tipos de perda cognitiva. Mas a música pode despertar o cérebro e, com ele, o rico tesouro de memórias associadas a canções familiares ou momentos”.

Em entrevista ao site do Estadão, o neurologista Custódio Michailowsky, do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, diz que o uso da musicoterapia no tratamento de pacientes com Alzheimer, além de trazer memórias passadas do paciente, pode retardar o processo de degeneração.

Além disso, o médico ressalta a parte social e emocional estimuladas pela música: “Se a pessoa se isola, isso vira uma bola de neve. A música traz emoção, traz motivação para a pessoa. Além de fazer dançar, se mexer”, afirma Michailowsky. Segundo ele, o estímulo às atividades artísticas, seja pela música, desenho, escultura, entre outras, faz ainda com que o cérebro se desenvolva mais rapidamente, principalmente as pessoas que têm a habilidade de ouvir uma música e tocá-la ou identificar as notas musicais. 

E os benefícios da musicoterapia não param por aí. A enfermeira e pesquisadora especialista em Saúde Pública, Eliseth Leão, em 2015, criou, em parceria com uma empresa de medicamentos, o experimento Dorflex Music Experiment, que usa a música como forma de cura para a dor de cabeça tensional, tipo de cefaleia mais comum na maioria das pessoas: ela é caracterizada como a dor que se assemelha a uma pressão ou aperto de intensidade fraca a moderada, que aparece nos lados da cabeça de forma recorrente. Estima-se que 80% da população sofra desse tipo de cefaleia ocasionalmente. 

Junto com a cantora Ana Carolina, foram compostas quatro canções que ajudam a aliviar as dores por terem potencial terapêutico para acabar com as tensões. Para que as músicas ajudem na melhora da dor é preciso seguir as orientações:

  • Prestar atenção nas músicas e ouvi-las na ordem em que estão no site do projeto, porque foram criadas de maneira a influenciar o ânimo da pessoa de forma gradativa.
De acordo com Eliseth, a música age de quatro maneiras no cérebro para remediar a cefaleia: a produção de endorfinas, a dissociação por meio da distração, o relaxamento muscular e a experiência estética e simbólica decorrente das imagens mentais que a música induz. “Nosso cérebro responde a estímulos externos, sejam ele táteis, olfativos, auditivos ou visuais”, afirma a enfermeira. É por isso que quando ouvimos algum barulho alto, a cabeça o associa a algum tipo de perigo, já estímulos calmos tendem a fazer com que a cabeça relaxe e produza endorfinas.

Mas, Eliseth alerta para que as pessoas não saiam utilizando qualquer tipo de música acreditando estar nos moldes de uma musicoterapia: “Há necessidade de que o repertório seja capaz de levar o indivíduo a um relaxamento profundo e, por isso, a escolha recai sobre canções com andamentos lentos”, explica. Outro cuidado importante é com as letras, pois elas passam mensagens que traduzem emoções, que podem atrapalhar na melhora da dor. 

É por isso que nas criações com a cantora Ana Carolina, todos os aspectos da música foram levados em consideração: melodia, tonalidade musical, letra, harmonia, instrumentos utilizados e intensidade sonora das canções, todos eles compatíveis com o relaxamento. Segundo a enfermeira,  a iniciativa é “uma parceria inédita entre ciência e arte”, sendo o principal objetivo “modular emoções, promover imagens mentais prazerosas para culminar em uma experiência estética agradável e, assim, promover bem-estar, reduzir a tensão e contribuir para o alívio da dor”.
Eliseth Leão não parou por aí e em 2018 criou outro experimento também usando a música como forma de cura para a dor de cabeça tensional, que serviu de exemplo para outras instituições, como o Centro de Saúde Escola (CSE), unidade auxiliar da Faculdade de Medicina de Botucatu-Unesp (FMB), que implementou projetos de uso da  música a seus usuários.

Vale lembrar que as práticas são um recurso complementar e se as dores de cabeça forem intensas e persistentes, a recomendação é que busque um médico para fazer uma avaliação da sua condição de saúde.

fontes:
https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,musica-ajuda-a-prevenir-e-frear-desenvolvimento-de-alzheimer,70001659989
https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,musica-pode-ajudar-a-curar-dores-de-cabeca-tensionais,10000024248
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