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Como você encara a terceira idade?

A terceira idade, considerada a fase em que os idosos podem, finalmente, aproveitar a aposentadoria, descansar e ‘curtir’ a vida, uma vez que os filhos estão crescidos, não é vista dessa forma pela grande maioria das pessoas que carrega, nessa fase, a sensação de ‘fim da vida’.

Vale lembrar que a maneira como a melhor idade é enxergada depende, principalmente, de como os idosos se planejaram para chegar até esse momento: com saúde, com reserva financeira para poderem usufruir do merecido descanso e planejar uma vida após a aposentadoria; com uma vida social ativa, rodeados de amigos e familiares? E todos esses aspectos são os fatores que vão influenciar de forma positiva ou negativa nesse olhar e, consequentemente, impactar na saúde e na qualidade de vida das pessoas. 

A colunista Silvia Ruiz, em artigo publicado no blog Ageless, do Uol, afirma que precisamos mudar a nossa percepção negativa sobre o envelhecer, pois o negativismo impacta em tudo, até mesmo em nosso tempo de vida. Confira:

“Nunca se deve perguntar a idade a uma mulher”; “Esse aí entregou a idade”; “Não tenho mais idade para isso”; “Eu sou jovem de alma”; Quem nunca pensou ou falou uma frase desse tipo? Parecem apenas comentários corriqueiros sobre o envelhecimento, mas que na verdade carregam para o nosso cotidiano o peso do etarismo (toda forma de estereótipo, preconceito e discriminação baseado em idade).

Essas ideias e comentários não são nada inocentes. E as nossas crenças sobre o envelhecimento têm um impacto profundo na saúde, influenciando tudo, desde a memória até percepções sensoriais, quão bem a gente caminha, como nos recuperamos de doenças e até mesmo quanto tempo vamos viver.

Quando o envelhecimento é visto como uma experiência negativa (abordado com termos como decrépito, incompetente, dependente e senil), as pessoas tendem a experimentar mais estresse na vida adulta e a se envolver com menos frequência em comportamentos saudáveis, como exercícios e alimentação saudável. Quando as opiniões são positivas (sinalizadas por palavras como sábio, alerta, realizado e criativo), as pessoas são mais propensas a serem ativas e resilientes e a ter uma vontade maior de viver.

É o que mostram diversos estudos realizados pela americana Becca Levy, professora de psicologia e epidemiologia da Universidade de Yale, uma das principais especialistas neste tópico. Expor as pessoas a descrições positivas do envelhecimento pode melhorar sua memória, a postura ao caminhar, o equilíbrio e vontade de viver. Um dos estudos conduzidos por Becca revelou que as pessoas com crenças positivas de idade viveram mais (uma média de 7,5 anos adicionais) em comparação com aquelas com crenças negativas.

Essas crenças internalizadas sobre o envelhecimento são principalmente inconscientes, formadas desde a primeira infância à medida que absorvemos mensagens sobre envelhecer da TV, filmes, livros, anúncios e outras formas de cultura popular. Nem é preciso experimentar situações de preconceito para perceber o envelhecer como algo ruim.

Se essas crenças estão tão enraizadas dentro de nós, seria possível alterar essas suposições e assumir mais controle sobre elas? Mudar nossa forma de pensar sobre o envelhecimento e, assim, mudar como vamos envelhecer? Todos nós temos uma “oportunidade extraordinária de repensar o que significa envelhecer. Com a mentalidade e as ferramentas certas, podemos mudar nossas crenças de idade”, escreve ela afirma ela na introdução do livro Quebrando o Código da Idade: Como suas Crenças sobre o Envelhecimento Determinam Quanto Tempo e Bem Você Vive (ainda não lançado no Brasil). Como podemos fazer isso, segundo a especialista:

1. A primeira coisa que podemos fazer é promover a conscientização das nossas próprias crenças sobre idade. Uma maneira simples é perguntar a si mesmo: “Quando você pensa em uma pessoa idosa, quais são as primeiras cinco palavras ou frases que vêm à mente?” Perceber quais crenças são geradas pode ser um primeiro passo importante na conscientização.

2. Outra técnica é escrever uma espécie de “diário de crenças de idade”. A ideia é anotar qualquer retrato do envelhecimento que apareça ao longo de uma semana. Pode ser uma conversa que você ouve em uma padaria, algo que viu nas mídias sociais ou até num programa de TV. Se houver ausência de idosos, um foco apenas na juventude, anote também. Depois de alguns dias, revise o número de retratos positivos e negativos e o número de vezes em que os idosos estiveram invisíveis nas conversas. Com as descrições negativas, pare um momento e pense: “Poderia haver uma maneira diferente de retratar essa pessoa?”

3. Concentre-se em imagens positivas do envelhecimento. Podem ser pessoas que você conhece, um artista, um escritor, um atleta etc. Pense em cinco referências positivas. Com cada um, pense nas qualidades que você admira e que você pode querer fortalecer em si mesmo.

4. Cultive relacionamentos intergeracionais. Pesquisas mostram que isso pode ser uma maneira de melhorar as nossas crenças sobre idade. Um ponto de partida é pensar em seus cinco amigos mais próximos e que idade eles têm. Se perceber que são todos da sua geração, procure maneiras de conhecer pessoas de outras idades, mais jovens e mais velhas, por meio de uma aula de dança, teatro, grupos de diferentes tipos de hobbies.

https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/ageless/2022/05/13/como-mudar-sua-visao-sobre-o-envelhecimento-faz-voce-viver-mais-e-melhor.htm

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